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Mulheres que cuidam e inspiram: Maria José Maldonado e Veruska Atalla são exemplos de amor e resiliência na medicina

Duas médicas, duas histórias e uma paixão: a medicina. Neste Dia das Mulheres, as Doutoras Maria José Maldonado e Veruska Atalla compartilham as suas trajetórias, mostrando que, com amor e resiliência, é possível vencer desafios e alcançar reconhecimento na área médica.

 

As mulheres ganham cada vez mais espaço no mercado, e na medicina não é diferente. A previsão é que neste ano elas sejam maioria na área, segundo a última edição da Demografia Médica no Brasil 2023, da Associação Médica Brasileira e da Faculdade de Medicina da USP. Essa forte presença feminina já vem sendo observada nas faculdades de Medicina há alguns anos, mas segundo o estudo, entre 2023 e 2035 é previsto um crescimento de 118% de mulheres médicas, enquanto, entre os homens, o aumento será de 62%.


Esse
esforço de milhares de profissionais que batalham diariamente para alcançar posições, que anteriormente eram predominantemente ocupadas por homens, é ressaltado por Doutora Maria José Martins Maldonado, que foi Presidente da Associação Médica por duas gestões.  


Doutora Maria José Maldonado

Formada em 1986 pela UFMS, a neuropediatra Maria José reinventou a medicina e a pediatria sul-mato-grossense. Em um setor historicamente masculino, ela foi pioneira na neurologia infantil no estado. “Na minha turma eram 48, e só 13 mulheres. Depois que me formei, fiz residência médica em São Paulo, na USP, e quando voltei, implantei a neurologia infantil em Mato Grosso do Sul. Naquela época, nós tínhamos que lutar muito, e provar muitas vezes que nós tínhamos capacidade. É claro que tive dificuldades, mas sempre fui muito perseverante, e não desistia. Eu gosto muito de realizar, e nunca tive medo de inventar”.

 

Filha de imigrantes portugueses e sem qualquer referência na medicina, a Doutora Maria José foi a primeira a cursar uma graduação e a primeira médica da família. “Uma vocação nata, desde pequena, eu falava que ia ser médica. E eu sempre amei crianças, mesmo nos trabalhos voluntários, eu sempre fiz com crianças. Eu tenho um trabalho voluntário de evangelização através da música há 38 anos, porque a minha primeira formação foi em música”. 


Uma história de amor pela profissão e de gestão na área, tendo administrado o Hospital Universitário, ela recordou, com emoção, de um dos momentos mais desafiadores de sua vida.  “Quando assumi o Hospital Universitário não era um momento fácil, e precisei aprender na prática a parte administrativa. Eles queriam fechar a pediatria. Eu apanhei bastante, eu era muito centralizadora, tudo passava por mim, mas conseguimos mudar aquele cenário, implantar enfermaria de pediatria, UTI neonatal, um espaço para nutrição, até chuveiro quente colocamos, porque as gestantes tomavam banho gelado no inverno, dentre tantas mudanças. Foi uma época de muito aprendizado”. 


Ainda hoje, os desafios das mulheres não são poucos, como conciliar a profissão com a família e a casa. Uma jornada que Maria José “tira de letra”, mantendo as suas responsabilidades na profissão de médica, mas também se dedicando às funções de esposa, mãe e avó. “A minha filha mais velha nasceu durante a faculdade, tanto que no último dia 24 de fevereiro eu e meu esposo completamos 40 anos de casados. Com o tempo, meus outros dois filhos nasceram, sempre conciliando com a profissão, mas sempre fui disciplinada e intensa para dar conta de tudo. Eu sempre doei bastante pela minha família e pela defesa da medicina”. Aqui, ela fez referência ainda a luta por reerguer a  Associação Médica, para que voltasse a fazer o papel de educação continuada. 


Uma paixão que foi exemplo para os filhos, hoje todos médicos, incentivados por essa que foi uma das pediatras pioneiras no estado. Ao final, a ex-presidente da AMMS deixou um recado a todas as médicas e mulheres pela data especial. “Eu espero que sejamos cada vez mais respeitadas e femininas, para podermos ter o nosso espaço, e também cuidar da nossa família. Que as mulheres saibam ter esse equilíbrio, de trabalhar, mas ser doce e humana, sem deixar de ser a mãe, a filha, a esposa… Nós precisamos ter inteligência, firmeza, doçura, e usar a sabedoria para os momentos de enfrentamento”. 


Doutora Veruska Atalla

A medicina não é a única paixão que une Maria José a Veruska. Apaixonada por música, aos 7 anos, Veruska decidiu entrar em um coral e a professora de música era Maria José. Naquele primeiro teste, Maria José já sentiu a voz e o talento daquela garota de 7 anos. “Eu do lado do piano, lembro como se fosse hoje, suando ao lado da Zezé (carinhosamente chamada pelos amigos). No final, ela ainda me elogiou, aquilo me marcou”. 


A escolha pela medicina e pela reumatologia também não foi à toa para a Doutora Veruska. Uma paixão de infância. “Tenho memórias que na infância eu queria cuidar das pessoas, comecei com as bonecas, e logo fui fazer medicina na Universidade Federal da Grande Dourados. Durante o curso, eu percebi que a minha área de atuação seria mais na  clínica médica, e dentro da clínica me encantei com a reumatologia, com esse cuidado que a área proporciona aos pacientes crônicos que enfrentam diariamente inúmeros desafios para manter a doença dormindo, e a sua saúde em ordem. A demora no diagnóstico é um desafio. Não é fácil, é desafiador, e vejo como uma oportunidade de cuidar do paciente e trilhar um caminho individual”. 


Durante o início da pandemia, Veruska foi convidada para retornar ao hospital, e vieram novos desafios. “Eu me sinto muito feliz hoje por ter recebido essa grande responsabilidade, a convite da Doutora Eliana Setti, pneumologista, que foi minha professora, num momento tão peculiar. Os anos foram passando, e me chamaram para estar não apenas na assistência ao paciente, mas na gestão dos serviços. Então, passei a coordenadora da residência de clínica médica, e depois cargo de diretora clínica”. 


Veruska frisou que em todos os desafios sempre contou com ajuda mais que especial, com a base que vê na sua família. “É difícil, é cansativo, mas sou muito feliz e grata. Eu sempre falo que faço o meu melhor, mas com a ajuda de muitos. Nada seria possível sem a ajuda da minha família, e do meu marido, que me incentiva e me apoia em todos os projetos”.


A vida da mulher moderna é repleta de desafios diários e diferentes papéis, e Veruska encontra com sabedoria e equilíbrio, uma forma de conciliar consultório, hospital e família. “A idade nos traz o amadurecimento necessário, mas mais que isso, precisamos ter sabedoria e equilíbrio para lidar com a multifunção. A minha mãe, muito presente, sempre me incentivou dizendo que o importante é termos tempo de qualidade com quem amamos. É com disciplina, equilíbrio, planejamento e sabedoria que a gente trilha esse caminho e concilia o papel de ser médica, mulher, mãe”.  


Sobre o papel da mulher e médica na sociedade, ela pontuou que não são raros os casos de mulheres que chegam no consultório, cansadas ou com sentimentos de tristeza. “Após a pandemia vimos uma carência muito grande nesse relacionamento interpessoal, e então o papel da mulher, da delicadeza no trato com as pessoas, algo muito importante para o crescimento da mulher na área médica. Ser humano no cuidado individualizado com as pessoas é o que faz a diferença. O recado que eu deixo é não nos esquecermos de priorizar, priorizar a nossa saúde acima de tudo, e não do mundo lá fora. É ter um equilíbrio na nossa saúde interior, e na nossa saúde como um todo. Cada um tem as suas peculiaridades, mas é preciso autoconhecimento para sabermos nossos limites, sem esquecer do autocuidado, para que assim possamos trilhar uma boa caminhada nessa jornada chamada vida”. 


Ao compartilharem as suas trajetórias, as Doutoras Maria José e Veruska não apenas mostram as conquistas e os desafios enfrentados, mas também incentivam uma nova geração de médicas a trilhar caminhos nesse protagonismo feminino. 


Suas histórias não são apenas relatos de sucesso, mas testemunhos de amor e resiliência, realçando a importância do conhecimento, da autoestima e de uma visão inovadora, na busca por melhores oportunidades. Elas tornaram-se exemplos, mostrando que é possível vencer desafios, sem deixar de ser feminina, e alcançar reconhecimento na área médica. 

Acesse o vídeo em homenagem ao Dia das Mulheres no Instagram da AMMS.

 

 

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